11 de março de 2004. Um carro em chamas em um posto de gasolina em Brasília. Um jovem estudante de medicina queima dentro do automóvel sem poder soltar o cinto de segurança e sem conseguir abrir a porta. Durante minutos intermináveis, ele fica ali em verdadeira combustão respirando uma fumaça tóxica e mortal. Uma mulher assiste a tudo do alto de seu apartamento e ora fervorosamente, pois ninguém mais sabia que havia uma pessoa dentro daquela fornalha sobre rodas. Costas, braços, mãos, orelhas, cabeça, pulmões... o fogo não poupa nada. Bombeiros são chamados, ambulância, hospital, UTI, paradas cardiorrespiratórias. O médico atesta que havia poucas chances de ele sobreviver... Vida virada do avesso, futuro incerto. Ao mesmo tempo em que ele lutava para viver, outras guerras eram travadas em locais mais profundos do ser. A pergunta recorrente era: por quê? As explicações chegavam aos montes, sempre colocando mais culpa e peso no coração de uma família já atingida pela tragédia.