A literatura russa tem despertado um especial interesse dos leitores, com a reedição, em novas traduções, de obras de grandes mestres, como Doistoévsky e Tchechov, bem como a publicação de textos antes não disponíveis ao público brasileiro. Graças a esse interesse é que temos agora a publicação de um autor russo, M. M.. Prishvin, inédito em língua portuguesa, cuja novela Ginseng acaba de ser lançada pela Editora Claridade. Pouco conhecido fora da Rússia embora seja considerado um dos nomes mais expressivos da literatura daquele país M. M.. Prishvin (1873-1954) pertence à linhagem de escritores viajantes, como Jack London e Joseph Conrad, que deixam a velha Europa para buscar aventuras e inspiração nos lugares ainda intocados pela civilização européia. Prishvin escolhe a Manchúria como cenário desta narrativa, e constrói seu alter ego na figura de um jovem engenheiro russo o narrador da história, que ali se refugia para escapar da Revolução Russa. Ele trava contato, então, com um velho sábio chinês que lhe ensina os segredos do ginseng, a raiz da vida, e da existência em harmonia com a Natureza. Através do sábio chinês, ele é iniciado nas propriedades curativas do ginseng, aprende a apreciar aquela natureza selvagem encantando-se, particularmente com os cervos pintados que povoam a região mas ao mesmo tempo mantém valores positivistas que entram em choque com a vivência que está experimentando. É dessa tensão entre o respeito à natureza e, contraditoriamente, a realização de ações que buscam dominá-la e subjugá-la, que a história envolve o leitor de maneira decisiva, situando-se como uma narrativa entre a fábula e a aventura.