O Direito brasileiro reflete uma tradição jurídica que historicamente serviu para ocultar graves desigualdades sociais e para proteger os interesses de estratos privilegiados, contribuindo para a consolidação da magistratura como uma carreira altamente elitizada e distante da realidade social brasileira. Este livro busca compreender os meandros dessa cultura jurídica sedimentada que, associada à herança cultural individual, permite que os juízes compartilhem entre si um conjunto de disposições sem amparo jurídicolegal a respeito do que deve ser valorado no momento de decidir sobre a prisão, revelando um habitus que tende a alargar as exigências impostas ao indivíduo para que seja posto em liberdade e que favorece a segregação.