Desde o fim dos anos 80 comecei a ter uma certa originalidade no meu trabalho filosófico. Foram aparecendo certos sinais de um pensamento próprio, tanto em ensaios quanto em conferências. Isto, porém, não surgiu da imaginação. Havia estudado diversos autores com relativo afinco e aprendi a mostrar minha interpretação. O contato com algumas posições filosóficas não me fez aderir às suas teorias. Passei a ter simpatia pelos problemas da solução e não pela solução de problemas. A ideia, no entanto, de que a reflexão filosófica não podia dispensar questões da Metafísica, mesmo que fosse em formas especulativas de diversos autores, sempre me acompanhou. A crítica à Metafísica, na última década do século 20, apareceu na expressão "pós-metafísico". Os vários sentidos que se atribuíam ao termo não me convenciam de que a Filosofia chegara ao fim da Metafísica. Durante anos, na forma de ensaios e conferências, estudei as diversas atribuições que eram usadas nas correntes teóricas. Não podia aceitar que o elemento pós-metafísico deveria ser aceito como pressuposto determinante da atividade da Filosofia teórica. Certamente o estudo dos clássicos deixara em mim a convicção de que não há Filosofia sem Metafísica. O estudo da obra de Heidegger e da Tradição Hermenêutica me iniciara num paradigma que, ao criticar a Metafísica, visava a novos contextos de contato com a Metafísica. Com certeza não se poderia recusar a ideia de fundamentação ao falar em pós-metafisico. Assim meus estudos apenas teriam de mostrar, que mesmo que não aceitasse a ideia de fundamentação absoluta, eu não recusava a dimensão da Filosofia Primeira, como âmbito especulativo irrecusável. Os trabalhos que seguiram foram me confirmando, nos meus livros do novo século, que a fidelidade à Filosofia Especulativa acertara na escolha do Paradigma Hermenêutico, atribuindo-lhe uma dimensão especulativa.