A globalização transtorna as esferas coletivas nas quais a humanidade encontra-se inserida há mais de dois séculos. Barreiras culturais desabam, mestiçagens aceleram-se, fluxos de imagens, de sons e de discursos possibilitam o compartilhamento dos imaginários da humanidade inteira. Essa mudança traz em seu bojo violências intempestivas: a mercantilização do vivente, a financeirização da economia, o uso da guerra como modo de governo. A humanidade tem hoje, como jamais teve em sua história, meios para controlar coletivamente seu destino. Mas debruçar-se covardemente sobre o ódio do outro torna-se, muito freqüentemente, o meio escolhido para exorcizar o medo. O maior perigo que nos ameaça está dentro de nós, reside no medo da época e na tentação de uma identidade do ressentimento, da fronteira, dos campos de concentração. Essa fuga covarde nos expõe, completamente indefesos, às lógicas destrutivas da financeirização. Contra essa fuga, o autor propõe a construção, no dia-a-dia, de um novo "comum" da humanidade, de um novo poder solidário do "nós-mesmos', aberto a todas as singularidades e a todas as alteridades.