Nenhum dos nomes do título tradicional, Carta aos Hebreus, designa adequadamente este escrito enigmático, e muitas vezes mal compreendido. Já se pensou que seria um convite à fuga do mundo e um refúgio nas esperanças pelo céu e pela vida além da morte. Também já se leu esse escrito como uma fundamentação do sacerdócio ordenado. A proposta aqui é percorrer a reflexão proposta por Hebreus do começo ao fim e deixar que ele fale, identificando para nós quais são suas maiores preocupações. E aí se perceberá um texto desafiador, que convoca a comunidade a não abandonar seus compromissos e esperanças, mesmo que isso acarrete perseguições e humilhação. Ela tem em quem se apoiar: Jesus Cristo, o único e definitivo sacerdote. Da mesma forma que ele, que se solidarizou com seus irmãos e irmãs até a morte, a comunidade saberá enfrentar os desafios do momento presente, tendo a certeza de que não cabe apegar-se a seguranças que venham do poder estabelecido ou dos valores impostos à sociedade: ela tem os olhos voltados à cidade bem alicerçada, cujo arquiteto e construtor é o próprio Deus.