Alguém já disse que Douglas Zunino nunca se contentou em ser "apenas" um poeta. É ele próprio um poema - sem métrica ou rimas regulares - que cresceu e se alongou por toda uma existência. É por isso que suas memórias - ou Confissões, como prefere chamar - funcionam como a análise crítico-descritiva de uma vida dedicada à palavra. Uma poética do cotidiano que insiste em se vestir de metáforas. Sem torres de marfim, sem louros encomendados, sem academias fajutas ou outras nefelibatices típicas de um sistema literário satisfeito com a bajulação dos compadres. Para Douglas, marginal em muitos sentidos, a poesia existe nas calçadas, nas praças, nas esquinas em que aborda os blumenauenses com fotocópias de versos para vender. Se não for assim, se a obra não chegar aos leitores, mesmo que de forma transversa e meio forçada, até mesmo para surpreendê-los e assustá-los, então não é obra, não é poesia, e para Douglas não faz o menor sentido.