O pensamento é um pássaro rebelde, tanto quanto o amor. Não se pode aprisioná-lo sem transfigurá-lo, sem destruir sua potência e beleza. O que é um pássaro engaiolado senão um servo das nossas conveniências? Assim é também o pensamento que está a serviço dos poderes estabelecidos, da moral e, sobretudo, da religião. Mas o pensamento é transformador e é, junto com a arte, o único capaz de levar o homem mais longe. É por esta razão que, no Ocidente, os séculos XVII e XVIII foram palco de um movimento filosófico libertário, que atuou na clandestinidade, e que buscava fazer ruir o absolutismo dos reis e a tirania de uma religião que ainda matava com a desculpa de salvar os homens. Eis o teor dos escritos deste segundo tomo da Filosofia Clandestina: permitir que os pássaros continuem cantando livremente.