De palavra de ordem a encarnação do mal as transgressões têm sido, nas últimas décadas, objeto de inúmeras opiniões. Não que o termo tenha passado a definir ou inspirar alguma pratica ou saber ainda desconhecido no mundo, porém o fato de gerar discursos que lhe tentam manter o véu parece ser algo novo na história do Ocidente. Nos dias de hoje, esmaecidos pela aparente incontestabilidade das formas capitalistas de produção e consumo, as práticas transgressivas ainda são aceitáveis, ou mesmo possíveis? Qual o tipo de relação que as transgressões mantêm com as perversões? Que tipo de resposta o conceito de transgressão oferece ao mal-estar na cultura? A transgressão é apenas uma das características do ato ético ou seu predicado fundamental? Ante a exclusão social, política e econômica de contingentes humanos cada vez maiores decorrente do acúmulo de capital em mãos menos numerosas, essas talvez sejam hoje perguntas que devam não ser respondidas, mas antes sustentadas. Leiamos, portanto, o que as contribuições aqui reunidas têm a dizer, ou a calar, diante da possibilidade, ou não, de transgredir as formas em que o mundo atual se apresenta.