"No Limiar da História e da Literatura" aborda uma face original e pouco explorada de Alexandre Dumas Pai, romancista francês de sucesso, autor, entre outros, de Os Três Mosqueteiros e O Conde de Monte Cristo: a de memorialista. Ao mesmo tempo que contextualiza a trajetória de Dumas como escritor na França de sua época, a autora recorre às teorias da escrita de si, ao conceito de memória, à historiografia e à literatura francesa para examinar a obra Mes mémoires e dar a ver a singularidade de sua escrita memorialística. Ressaltam-se dessa análise características, recursos narrativos, temas recorrentes, técnicas, influências teatrais, estilo romanesco e interesses - como o gosto pela história e pela historiografia - que já se manifestavam em suas obras anteriores. Dumas utiliza em suas memórias os recursos ficcionais presentes em seu fazer literário, misturando distintos registros de escrita do eu. Essa mistura própria denota seu envolvimento com as questões da época. Com base nas duas ideias essenciais da escrita memorialística, escrever a história e ficar na história, o autor, ao relatar suas versões dos fatos históricos em suas memórias - no que ele revela e no que omite -, busca eternizar as memórias da França de seu tempo, a movimentação artística, literária e política do século XIX, no qual também acaba por ganhar espaço como personagem célebre.