A partir de uma critica à concepção pré-freudiana da puberdade como "fase evolutiva", a autora propõe considerar a adolescência como uma estrutura mítica na qual a defrontação com a morte pela própria sexualidade é crucial. A "metamorfose da puberdade" inclui, junto ao interjogo de identificação e corte, a situação do sujeito na cadeia geracional (que pressupõe a morte) e na diferença dos sexos. Mas a morte emerge no registro da repetição, na qual se inscreve a adolescência. Esta estrutura aparece simbolizada nos ritos de iniciação: os noviços morrem na infância; o corte com a mãe é revelado por uma lança ensangüentada; a castração simbólica desprende o púbere do narcisismo onipotente de sua infância, para que aceda a um lugar social. O acesso à ordem simbólica obriga a significação de morte, nascimento e constituição do sujeito como tal. Ao mesmo tempo, o rito de morte e ressurreição oferece garantias contra a morte, uma verdadeira promessa de imortalidade. O corte também alude à partilha imaginária do adolescente, conduzindo-o uma retração narcisista e a uma negação da morte mediante uma duplicação do eu: o duplo é significado na imagem espetacular, no reflexo do próprio corpo. A perda do corpo luminoso da infância confronta o adolescente com a "sombra" do corpo, com sua obscuridade.