Após 25 de abril de 1974, com a Revolução dos Cravos, milhares de pessoas que viviam em Angola, então colônia portuguesa, deslocaram-se para Portugal e foram nomeadas por retornados. Entretanto, enquanto muitas dessas pessoas haviam saído da metrópole e estavam retornando, outras haviam nascido na colônia e não tinham laços com o país europeu. Aida Gomes aborda esse fluxo migratório em seu livro de estreia Os Pretos de Pousaflores, publicado pela primeira vez em 2011. Ao abordar o lugar dos africanos e dos afrodescendentes na sociedade portuguesa, neste contexto de descolonização, Aida Gomes traz o conceito de "refugiado" para o debate sobre os "retornados", assim como novas perspectivas sobre o fim da experiência colonial, o desenraizamento e o racismo português. A partir de seis personagens da mesma família que retornam a Portugal, Os Pretos de Pousaflores, trata da alteridade e mostra como a (não) inserção de alguns retornados na sociedade portuguesa é marcada por (...)