Direito Civil é uma matéria fascinante, porém imensa. Vivemos sob o signo da velocidade, da ausência de tempo livre. Aliás, tempo, hoje, talvez seja o bem mais precioso para muitos de nós. Este o nosso desafio: conjugar brevidade com consistência teórica. Dizendo o mesmo com outras palavras. Assumimos o compro- misso com o leitor de expor os conceitos com clareza, indo direto ao essencial. Isso, porém, não significa, que tenhamos optado por uma abordagem superficial dos temas. Tentamos oferecer os temas relevantes e recentes sem, porém, digressões indevidas, em respeito ao escasso tempo que todos nós dispomos, tantas e tão diferenciadas são as exigências dos nossos dias. Neste primeiro volume foi necessário formular a introdução teórica, normativa e jurisprudencial de temas que importam a todo o direito civil. E quando falamos a todo o direito civil não estamos nos referindo apenas às partes especiais obrigações, responsabilidade civil, contratos, reais, famílias e sucessões, por exemplo. Nos referimos também às necessárias interlocuções com outros ramos e outras teorias que se antes, nos séculos passados, eram estranhas ao direito civil, hoje fazem parte de seu horizonte de análise, e repercutem, em maior ou menor grau, na solução de suas controvérsias. Optamos por escrever um capítulo geral, introdutório, que possa contextualizar o leitor nas profundas mudanças que o direito civil experimenta. Trata-se de uma abordagem mais teórica, embora escrita em linguagem simples. O leitor, se desejar, poderá saltar o capítulo e ir, desde logo, para a Parte Geral do Código Civil. Trata-se, contudo, de capítulo importante, no qual tentamos, em poucas páginas, sumarizar o sentido de significativas mudanças. As citações ou a grande maioria dela foram feitas em notas de rodapé. Desse modo, o leitor tem a informação essencial no corpo do texto e pode seguir mais agilmente com a leitura. Já quem desejar se aprofundar no tema ou ter referências bibliográficas mais específicas, tem, também, essa opção, através dos rodapés. Trabalhamos, ao longo do texto, com perguntas, como forma de estimular quem lê a pensar por si e chegar às próprias conclusões (convidamos você a investigar, brevemente, o sumário do livro). Essa é a melhor forma, cremos, de realmente se aprender e dominar um tema. A resposta, nesse contexto, pode em regra ser obtida em poucas linhas. A exposição é acompanhada, dissemos, de frequentes notas de rodapé para quem buscar informações mais completas, rigorosas e amplas. Há ainda especial atenção não só aos (novos) temas doutrinários, mas também às soluções jurisprudenciais. Tentamos ainda conferir um olhar atual, um olhar que não repita exemplos ou soluções do passado, mas tente ambientá-los no modo de ser do nosso século. Este, enfim, é um livro sobre a Parte Geral, sobre a Teoria Geral do Direito Civil. Mas tenta não ser só isso. Nele o leitor encontrará discussões atuais sobre responsabilidade civil, famílias, contratos e variados exemplos ligados a outros setores do direito civil (sucessões, por exemplo). Tópicos atuais relativos à teoria dos direitos fundamentais são abordados, em diálogo com os direitos da personalidade (cujos problemas se diferenciam bastante do direito civil tradicional, clássico). Não há, enfim, separação absoluta entre temas todos são chamados a participar do debate, desde que tenham conexões teóricas relevantes (a intenção, neste livro, é trazer para o direito civil as discussões contemporâneas de direito constitucional, processual civil2, administrativo, ambiental, consumidor entre tantos outros setores da experiência jurídica , naquilo que possam ter relevância na nova literatura civilística). Convém promover conscientemente o encontro do direito civil com os microssistemas que tanto o enriquecem, em fecundo diálogo das fontes. Além, naturalmente, da inspiradora reverência às opções valorativas da Constituição. Ficou no passado, no museu das ideias, a concepção isolada e esnobe do direito civil. O direito civil do nosso século quer dialogar e aprender com os outros saberes e não só jurídicos de uma sociedade complexa e plural. Este livro foi escrito, já, totalmente com base no novo Código de Processo Ci- vil, que está em vacatio legis. São centenas de referências ao novo CPC neste livro, sobretudo a partir do terceiro capítulo. Por isso, as menções ao Código de Processo Civil de 1973, ainda vigente, são feitas no passado, ou mencionam explicitamente que estamos tratando dele. Por outro lado, as (frequentes) alusões ao novo Código de Processo Civil são sempre acompanhadas do adjetivo novo (o novo CPC). Estamos vivendo, no Brasil, em relação ao processo civil, uma época de transição normativa, e essa atenção às duas leis se mostrará importante durante algum tempo.