A artista desencasulou-se. De pincel em punho, voltou. Pintando palavras. Desenhando emoções a cores, a nanquim, óleo sobre papel... Fusão solidária da cor e da palavra: poema sensorial, plástico. A palavra transvestiu-se de azul, ainda mais azul, com todos os vôos, nuances e a mesma paleta dando o toque final. E o tempo por espaço e por campo de decolagem e de pouso. Tempo/ Infinito/ Universo que lhe possibilita criar e recriar momentos densos. Numa visão de mundo plural, busca a transcendência através da linguagem mítica/ mística sem, contudo desatrelar-se dos elos com a realidade, com os monstros e "mitos" do cotidiano e com as coisas mais simples do dia-a-dia em seus mais variados desdobramentos. E pincela, assim, poesia com cheiro de tinta fresca. Com cheiro e gosto de vida. Um instante especial na poesia de Neusa Peres: a intertextualidade, recurso que lhe permite dialogar com poemas e poetas, numa integração de emoções e inspiração. Enxertados nos seus, os versos produzem efeitos de muita beleza e profundidade.