"Versão brasileira" propõe uma abordagem historiográfica da tradução literária no Brasil, enfatizando “a importância da tradução na transferência de idéias de uma cultura para outra”. A história dos livros é uma disciplina nova das “ciências humanas”, costuma dizer o historiador Robert Darnton, e como tal nos permite adquirir uma visão mais ampla da literatura e da cultura em geral. Irene Hirsch consegue, através de sua análise dos best-sellers americanos traduzidos no Brasil no século XX, nos trazer um retrato bastante preciso de como começava a se estruturar a sociedade de consumo de bens culturais da época.Irene Hirsch vai além dessa visão geral e trabalha com um métier que sempre foi considerado menor, a tradução. Ocupando uma posição marginal no sistema literário brasileiro, as traduções, por muito tempo, cumpriram a função de “atividade secundária”, ou de “ganha-pão” dos escritores. Assim, versões em português acabaram taxadas como textos de pouca qualidade literária, resquício de uma concepção romântica que priorizava a criatividade e a originalidade.Apesar disso, essa visão não anulou a importância social e cultural das traduções de ficção.