Problematizar a especificidade da psicanálise nas suas relações ruidosas com as instituições é outro campo de questões que o presente livro ousa interrogar. No que diz respeito às instituições psicanalíticas Poli tenta pensar historicamente alguns modelos de formação construindo sua leitura crítica e apontando o que entende por essencial na transmissão da psicanálise. A universidade, evidentemente, também entra em pauta, pois a prática psicanalítica coloca em cena uma prática de pesquisa nem sempre bem aceita nos meios acadêmicos. Freud, há mais de um século, já enfrentava esta dificuldade. Mas qual seria o ponto de tensão? Poli explicita com rigor esta questão ao dizer que para a psicanálise “a pesquisa parte do testemunho de um encontro com o Real, com este ponto da experiência que resiste ao saber, e que opera pela via privilegiada da transmissão na psicanálise: a transferência”. Em que medida a academia estaria aberta a tal perspectiva? Toda a discussão em torno da bioética, amplamente desenvolvido em um dos capítulos mostra com clareza esta dissonância.