O conteúdo deste livro é feito por um eu poético das fronteiras, a começar pela territorial, cujo combustível de mobilidade é a fuga, e não me interessa o lugar/eu gosto da sensação de ser aquele que está sempre indo embora. Travessia de países e cidades. Do mesmo modo, o tópico é desdobrado pela geografia do corpo ou do amor. A obra alarga os limites normativos a partir do pensamento queer, esforço visível nos fragmentos desconcertantes e na aderência à causalidade. Em cada página, são sussurradas confissões íntimas, daquilo que o eu lírico experiencia vida afora. Sujeito de carne e palavra repleto de desejo, que pede em um dos poemas afasta daqui a normalidade do nosso beijo. Num bordejo intersemiótico, o ritmo poético das imagens evocadas e dos assuntos cotidianos é engendrado por uma beleza sem esforço. Tudo isso organizado na encruzilhada entre o erudito, o popular e o massivo. Lendo o livro ao revés, a última sobra que institui como má ideia adiar a vida aponta para o (...)