Este livro empreende a análise da censura prévia exercida pelo Estado sobre o teatro, a partir dos documentos existentes nos prontuários que compõem o Arquivo Miroel Silveira (de documentos da censura prévia ao teatro paulista), sob o prisma do gerenciamento de informações. O exercício do gerenciamento de informações costuma ser apresentado como atividade planejada, técnica, racional e neutra, exercida para a melhoria de processos. Já a censura é exercida por meio de processos burocráticos para a proteção do bem comum. Apesar dos objetivos diferentes, resultam na utilização de um mesmo recurso, que é a interferência no fluxo de informações - relacionadas à produção material, no âmbito das organizações, e relacionadas à produção artística, quando se trata da censura prévia. A partir daí, propusemos um estudo da censura prévia como um tipo de gerenciamento de informações. Para isso, analisamos o processo burocrático da censura prévia ao teatro enfocando alguns casos concretos: peças censuradas entre as décadas de 1930 a 1960. Ao final foi possível verificar que o gerenciamento de informações realizado através da censura permite que o Estado se aproprie de informações sobre a produção teatral e das pessoas a ela relacionadas, puna aqueles que expressam ideias divergentes e coíba a resistência à sua ação.