Luiz Groff, o conhecido escritor, como ele, com cínica ironia, gosta de se autor-intitular, conhece vinhos, mas não será difícil encontrar dezenas de pessoas que conhecem mais que ele, (e mais alguns milhares que pensam conhecer). Luiz Groff, o enólogo de Curitiba, como muitas pessoas o conhecem, conhece o ofício de escrever, mas, também neste aspecto, não seria difícil encontrar quem o faça melhor. Não obstante, ficamos todos encantados com a graça e a fluidez de sua crôni- ca, que reúne humor e diversão sem perder o objeto da comunicação: o vinho. Então qual é a resposta? A resposta é que ele é um mestre da comunicação, capaz de sintetizar numa frase a poesia, o humor, a crítica, e nos divertir enquanto desmascara a impostura. A frase da capa do seu livro anterior: O Espírito do Vinho, Não sou enólogo, enó- logo é um sujeito que diante do vinho toma decisões. Eu, diante de decisões, tomo vinho. virou um bordão usado no mundo inteiro, entre citações e plágios. Adolfo Lona, enólogo da Delantier, citou-a em seu livro: Vinhos e José Maria Franco Soares, enólogo da Sogrape e do Barca Velha, citou-a para definir a profissão de enólogo, em entrevista a um jornal português. Ninguém percebeu que a frase também define o outro lado da questão. No outro extremo da cadeia do clima, da agricultura, da técnica, da indústria e do comércio do vinho, há um ser humano que pensa. E porque pensa, não tem certeza, mas pode rir de suas dúvidas: "Penso, aliás, penso que penso, logo, hesito.O vinho não é feito pelas uvas, pelo clima, pela técnica, pelo marketing. O vinho é feito de Crônica." Vinho é Crônica e neste livro Luiz Groff nos mostra seu Planeta.