Quando minha filha, Laura, convidou-me para escrever o prefácio do seu último livro, senti uma ponta de orgulho envolvida por enorme preocupação. Não sou pedagogo. Conheço e admiro os trabalhos anteriores da autora, não só como educadora, mas como vigorosa pintora e poeta. Temia, por insuficiência pessoal, ao invés de colaborar, comprometer a apresentação de uma obra que, certamente, seria de muito boa qualidade. Como, durante toda minha vida, nunca fugi de desafios, aceitei o encargo. Como psiquiatra, que desenvolve sua atividade, principalmente, apoiado nas técnicas psicoterápicas de base analítica, tenho larga experiência como reeducador de adultos. Atendo poucos casos de crianças na retaguarda de psicopedagogos, funcionando como um estrategista e municiador de heróicos educadores. Avalio as dificuldades que devem envolvê-los, neste momento em que as reações imediatistas ameaçam violentamente as condições de humanidade da nossa espécie. Pode-se dizer que assisto de camarote o corpo a corpo entre os pais e responsáveis pela formação educacional das crianças, de um lado, e os autênticos psicopedagogos, de outro. Com simpatia e livre de qualquer pretensão, sento-me à mesa redonda do grupo de pais, professores, psicopedagogos para, em conjunto, planejarmos os melhores caminhos para a formação educativa das crianças que estão sob nossos cuidados e, principalmente, para as que vão nascer amanhã. Há um tema que desejo colocar em nível de discussão para a elaboração de futuros projetos. O capítulo deste livro, intitulado Só se aprende a cozinhar cozinhando. e a educar?, tem um fecho espetacular que exige meditação profunda por parte dos educadores. A aprendizagem dá-se, inicialmente, por imitação, para alcançar, posteriormente, a plena independência. No último parágrafo desse interessante capítulo, a autora afirma:Crianças pequenas necessitam desenvolver sua autonomia, considerando o seu tamanho, a sua idade, a sua vivência anterior, sem serem forçadas a desenvolver comportamentos adultos antes da hora. Podem servir-se de água; porém, necessitam de supervisão na hora de acenderem o fogo.