Países com alto desenvolvimento social e com secularização acentuada,como Alemanha e Noruega, entre outros, mantêm o Ensino Religioso em suas escolas. Outros países com os mesmos índices de desenvolvimento social e humano, marcados por uma dualidade radical entre público e privado, como a França, erradicam dos espaços escolares qualquer vestígio simbólico das religiões. Um olhar de fora para dentro não nos impede de constatar que em nosso país a secularização não atingiu a diversidade cultural. Além disso, a presença dos discursos eclesiásticos e religiosos em espaços públicos e em lugares públicos não-estatais revela que é possível ser republicano de outra forma. Mas não só isso. A diversidade de instituições e práticas religiosas atua ressignificando a vida de milhões de pessoas que não encontram nas instituições públicas e privadas o suporte material para uma vida de sentido. Essa relevância social, contudo, não está isenta de ambiguidades. Por um lado, as práticas religiosas dão sentido à vida, ao passo que, por outro, justificam visões opressoras, reclamando, assim, um espaço além das instituições religiosas a fim de que o convívio dos diferentes possa ser pautado pela crítica aos fundamentalismos e por busca de identidades abertas, inclusivas. Nesta perspectiva, a qualificação do Ensino Religioso é uma das condições para que ele possa assegurar um lugar no meio de outros saberes. Penso que as contribuições teóricas desta obra pautam-se por esse objetivo.