Cartas de amor são comuns, folhas e folhas de juras. Cartas de despedida, não. O anjo andrógeno foi inspirado no romance Água Viva, de Clarice Lispector. É uma cachoeira de sentimentos que extravasa em cada página e se acumula no fundo. No fundo de quê? Não sei. A história foi escrita de modo a expurgar memórias e sentimentos que estavam agarrados aos porões de minha alma. De modo geral, representa o vazio, o vazio que eu precisava experimentar me desfazendo das sobras. Considero-me um observador, não crio histórias para este ou aquele público. Minhas histórias são direcionadas àqueles que minha poesia tocar. Sem rótulos, sem julgamentos. São histórias de alma para alma. Fico feliz se ela tocar a sua.