Nestes estudos sobre poéticas da mestiçagem, de Sebastião Marques Cardoso, temos reflexões atuais sobre as bases críticas da formação de nosso imaginário nacional e também sobre as que se desenharam nos países africanos de língua oficial portuguesa, na particularidade da Guiné-Bissau. O processo colonial criou hábitos que continuam em nosso imaginário. É evidente que somos europeizados e que aprendemos muito com as experiências de outros povos, inclusive com os que se beneficiam das assimetrias dos fluxos culturais. Entretanto, devemos nos colocar como sujeitos dessas interlocuções. Trata-se de um processo longo e problemático, discutido nestes ensaios de Sebastião Marques Cardoso por referência inicial a Oswald de Andrade e a João do Rio. Como descortinar uma identidade híbrida, plural, ante a permanência de formas mais antigas que continuavam a colonizar nosso imaginário? Sem dúvida, é uma situação diferente da vivenciada na atualidade pelo escritor guineense Abdulai Sila. Impõe-se igualmente à crítica atual, como se realiza nos textos desta coletânea, uma atitude crítica diante dos repertórios culturais que nos envolvem. Uma atitude que leva à crioulização de Édouard Glissant.