Mais do que um chamado romance social datado, crítico, irônico e destroçador, além de ser mais uma obra polêmica e diferenciada do autor. O lixeiro e o presidente tem tom de denúncia, de apontamento, investe na reconstrução sistêmica por meio da ironia e de outras escol(h)as literárias para, a partir desse lugar de fala/escuta da literatura levantar material histórico e repensar o espaço público. O LIXEIRO E O PRESIDENTE por meio de memória histórica/política/literária possibilita repensarmos aquilo que é/seria o agora da vida no âmbito público, mediante as vigas históricas desse finito, ou sistema que o antecede. O lixeiro e o presidente tem uma narrativa difícil de catalogar; seu gênero textual torce a ideia de romance e se aproxima da crônica, e do texto acadêmico, pois também é teórico. Um aspone ao lado de um Fernando Dois (e de Fernando em Fernando o Brasil foi se ferrando, disse o poeta), contando como é, como foi. Lixos, desmandos, bastidores e acontecências de um Palácio do Planalto em que a faixa presidencial foi literalmente jogada no lixo, e o real do plano econômico foi um embuste, sustentado por privatizações-roubos, (privatarias), moedas podres, engavetamentos de denúncias, entre achismos e mesmices de dentaduras, nhenhenhéns e outras falcatruas palaciais. O LIXEIRO E O PRESIDENTE vai botar a boca no trombone. Salve-se quem puder. Prepare-se. Entre pela porta dos fundos da história e remexa o lixo antes que proíbam o perigoso livro.