Panaceia é popularmente conhecida como conjunto de remédios para todos os males, mas também é a deusa da cura na mitologia grega, tão cara para Cecília Floresta, autora deste volume de poemas. A cura dos traumas causados pela invisibilidade e pela lesbofobia às mulheres que amam mulheres passa também pela arte, é certo, e nesse sentido é saudável que as poetas lésbicas, ou sapatões, como a geração de Cecília nos ressignifica, ofereçam poemas para chamarmos de nossos, para nos espelharmos, para termos alento, alegria, reflexão coletiva. Nestes poemas, os títulos são curtos e um falatório de amor das mulheres-amantes desenha uma topografia de montes dos quais são miradas vastidões oceânicas de sentimentos e sensações. Existe uma passagem rápida por práticas de silenciamento a mulheres-sapatão, mas os poemas se ocupam mesmo é de modular as vozes emergentes, insurgentes. [...]