As novas formas de violência e de agressividade são analisadas por Joel Birman em Cadernos sobre o mal. Através da psicanálise, campo do saber que há muito já trata do tema crueldade, o autor lança novos olhares sobre as diversas manifestações desta faceta da natureza humana. Grandes nomes da intelectualidade mundial foram consultados por Birman: Sigmund Freud, Adorno, Walter Benjamin, Lacan, Maquiavel e muitos outros, que já trataram sobre o tema da violência-crueldade, contribuíram para a construção teórica do livro. Hoje, as grandes cidades brasileiras vivem em estado permanente de alerta devido à escalada de episódios de extrema violência. Levando em conta este cenário, Birman afirma que a perseguição e a paranóia são, sem sombra de dúvida, as formações psíquicas mais bem distribuídas entre nós. O livro apresenta caminhos para um melhor entendimento deste fenômeno e, assim, ajudar no fardo que hoje se constitui viver em uma sociedade sitiada e ostensivamente segregada. O autor ressalta que o objetivo da publicação é transcender o espaço da Academia e empreender um esforço extra-disciplinar para tratar deste tema. Em sua análise, Joel Birman demonstra que há diversas formas de agressividade e violência e traça um paralelo entre elas: a delinquência entre as classes menos abastadas tem como correspondente a corrupção e o crime do colarinho branco entre as classes média e alta. O autor alerta para o problema da violência não ser restrito ao Brasil e estar presente em todo o cenário internacional. Porém, ele destaca que a inconsistência das instituições brasileiras aliada à desigualdade social no país faz com que esta problemática ganhe proporções “quase apocalípticas”.