É provável que o simbolismo da espiral já tenha sido bastante interpretado: num movimento concêntrico, essa figura se expande, levando o ponto mais profundo de nossa consciência àquele mais elevado, o sublime ao mais mundano. A espiral representa, na sua essência, o mistério da vida. Vida que escorre por veredas sinuosas, se enraíza e ao mesmo tempo transborda e, nesse fluir incessante, faz com que os seres se encontrem em determinados pontos de suas caminhadas, se entrelacem, se afasteme retornem às origens. É nesse fluxo que somos levados a adentrar o universo poético de Wladimir. No ritmo de seus poemas, balouçamos do mais transcendente ao mais secular na vida humana; nos abismamos na circularidade das curvas do sol, da terra, dos sonhos de homens e de mulheres e, ali adiante, nos confrontamos com a aspereza de retângulos de vidro fumê. A poesia de suas espirais, fundada no amor, no prazer sensorial, é que, no entanto, nos transmuta para o retorno à natureza essencial. [...]