Martin Buber (1878-1965), famoso pela publicação de Eu e Tu, lecionou Filosofia da Religião na Universidade de Frankfurt entre 1924 e 1933, período em que empreendeu, com Franz Rosenzweig (1886-1929), a tradução do Velho Testamento, que se converteu num clássico da língua alemã, à altura da de Lutero. Em virtude da ascensão do nazismo, deixou a Alemanha e tornou-se professor da Universidade Hebraica de Jerusalém. Em Israel, fez-se notar não só por sua atuação acadêmica, filosófica e literária, mas também pela intervenção no campo político como importante interlocutor do diálogo entre árabes e israelitas. O Socialismo Utópico, Do Diálogo e do Dialógico, Sobre Sociedade, Histórias do Rabi, Histórias do Rabi Nakhman e, agora, A Lenda do Baal-Schem são os seis volumes editados pela Editora Perspectiva. O mínimo que se pode dizer sobre Martin Buber é que ele é não só um dos mais originais e inspirados intérpretes da espiritualidade e do humanismo judaicos do século XX, mas que seu pensamento e filosofia dialogam diretamente com as mais profundas preocupações humanas. É isso que os leitores da Editora Perspectiva encontrarão nesta primorosa edição de A Lenda do Baal Schem, traduzida por Fany Kon e J. Guinsburg e ilustrada por Meire Levin com gravuras que materializam, em sugestão sensível, as vivências e o espírito dessa busca textual de Deus no homem e do homem em Deus. A Lenda do Baal Schem é um racolta de vinte histórias sobre a vida do Mestre do Bom Nome (Baal Schem) que revela o ideário do Hassidismo, um movimento pietista e místico desencadeado por este rabi, na Europa Oriental do século XVIII, propagando um modo de ver e viver o judaísmo que deixou marcas profundas em sua história moderna e cujas idéias ainda hoje fazem parte do processo religioso e espiritual judaico.