Aos 74 anos e viúvo há sete, Goethe se apaixonou por uma jovem de 19, bonita e bem nascida. Depois de a cortejar algum tempo, fez a Ulrike von Levetsow um pedido de casamento que não foi aceito. A decepção, em vez de abatê-lo, levou-o a escrever um dos seus mais belos poemas, a “Elegia de Marienbad”, parte principal da “Trilogia da paixão”, agora traduzida pela primeira vez no Brasil. Publicada em edição bilíngüe, o livro fez parte das comemorações dos 250 anos de nascimento do maior autor da Alemanha. Nas Conversações com Eckermann, o amigo e discípulo que registrou dia-a-dia, ao longo da última década de sua vida, seus pensamentos mais importantes, Goethe disse que determinadas pessoas estão sujeitas a fases de “puberdade repetida”, durante as quais se enchem de extraordinária energia, tornando-se produtivas. No ensaio que se segue à tradução da Trilogia da paixão, Leonardo Fróes, que estudou na Alemanha e há quase 40 anos se dedica à obra de Goethe, estabelece ligação entre as fases de “puberdade repetida” do “sábio de Weimar” e os jorros de criatividade que sempre as acompanharam.