Publicados originalmente em 1978, os ensaios de crítica literária e cultural de O pai de família constituem uma crônica profunda tanto das transformações que a ditadura imprimia à vida brasileira como das reações - felizes ou desencontradasÀs vezes, as datas dizem muito. Escritos entre 1964, ano do golpe, e 1978, quando o autor retorna do exílio francês, os ensaios reunidos em "O Pai de Família" constituem uma tentativa de resposta rigorosa e dialética aos dilemas que a conjunção de autoritarismo e modernização impunha tanto à vida política de todos como às posições clássicas da esquerda. Para dar conta do recado, Schwarz criou uma prosa singular, misturando a dicção vernácula de um Mário de Andrade às figuras argumentativas de um Theodor Adorno. Aqui, como na guerrilha, a regra fundamental é não permitir que se adivinhe o próximo movimento. Os ensaios de Schwarz são antes regidos pelo esforço quase paradoxal de reflexão no calor da hora e parecem menos interessados em tomar posições inabaláveis do que em promover deslocamentos - conceituais, políticos e estéticos.