Saudade Hoje que a mágoa me apunhala o seio, E o coração me rasga atroz, imensa, Eu a bendigo da descrença em meio, Porque eu hoje só vivo da descrença. À noute quando em funda soledade Minh´alma se recolhe tristemente, Pra iluminar-me a alma descontente, Se acende o círio triste da Saudade. E assim afeito às mágoas e ao tormento, E à dor e ao sofrimento eterno afeito, Para dar vida à dor e ao sofrimento, Da Saudade na campa enegrecida Guardo a lembrança que me sangra o peito, Mas que no entanto me alimenta a vida. Do livro Eu e Outras Poesias, de Augusto dos Anjos.