De todas as flores, a mais encontrada na literatura, a mais cantada, a mais trovada, a mais grafada é a rosa: da rosa que Lúcio, transformado em burro nas Metamorfoses de Apuleio, deve comer para se tornar novamente um homem, a Rosa das rosas de Alfonso X, a Rosa do povo de Drummond. A Rosa de Aiezha contesta rosas anteriores: dedica-se a uma mulher de cem anos. Seu nome Rosa possui uma multiplicidade que chora, decepa, ironiza, expõe. Em toda a obra, o nome das mulheres aparece com a letra capital minúscula, como se fossem meros substantivos, enquanto os homens conservam bem seus nomes próprios na autoridade maiúscula. A mulher na história dos Homens ocupa o lugar do anonimato, do não ser humano: Rosa múltipla se torna um nome geral, um não nome, por mais que tenha uma identidade, como se apenas vidas importantes importassem. Aiezha também joga (e debocha) do científico: rir da ciência opressora, racista e patriarcal definições de rosa, suas vastas espécies bem classificadas, (...)