Antonino Ferro é um analista conhecido internacionalmente, com uma influência crescente sobre a psicanálise brasileira. Seu texto é repleto de metáforas vivas, esclarecedoras e sua imaginação clínica notável. A linguagem clara e simples usada por ele coloca os seus leitores em contato com um discurso psicanalítico renovado, sem perder a profundidade do seu pensamento. Ele apresenta uma clínica renovada inspirada em Madeleine e Willy Baranger, assim como na releitura de alguns conceitos winnicotidianos, e sustentada massivamente em sua interpretação pessoal das implicações clínicas de Bion. Na base de suas concepções está presente o modelo do sonho, particularmente do sonho em estado de vigília, que utiliza de maneira inteligente e ilustrativa o conceito de espaço transicional, no qual se forma os significados, e da comunicação por meio da identificação projetiva. Para Ferro a interpretação pode ser vista como um ato de apreensão metafórica do processo de constituição de experiências emocionais, no momento mesmo de sua ocorrência e, portanto, já indicador do processo pelo qual os significados são construídos. A interpretação, neste contexto, é também um ato de criação de significados, tanto para o paciente quanto para o analista, embora de qualidade diferente, que amplia o universo das emoções ao abrir redes de vivências emocionais até então impermeáveis.