Este livro sobre Gilberto Freyre vê a vida e o trabalho do sociólogo como um todo, em vez de se concentrar em Casa grande e senzala. Traz, ainda, uma abordagem crítica com o reconhecimento de suas muitas qualidades e o coloca numa ampla variedade de questões culturais e políticas, sem se limitar à análise de textos. A obra destaca que Freyre via o Brasil de um ponto de vista tanto externo quanto interno. Avalia sua importância como proeminente pensador social, historiador e o mais famoso intelectual do Brasil, ou até da América Latina, no século XX. Em sua longa vida (1900-1987), assumiu vários outros papéisChamado diversas vezes de "monumento nacional" e considerado pelo modernista Oswald de Andrade "nosso escritor totêmico", Gilberto Freyre é mostrado neste livro como um rompedor de tabus, dono de um estilo coloquial que ofendeu alguns de seus primeiros leitores no início da década de 1930. Essencial para seu projeto era o foco no cotidiano, que incluía o estudo de culinária, vestimentas, habitação, corpo, pessoas comuns, objetos modestos e detalhes triviais. Ele era ainda surpreendetemente avançado em alguns aspectos. Nos anos 1920, já expressava preocupação com a devastação das florestas e, na década de 1930, promoveu estudos afro-brasileiros. Interessava-se por medicina alternativa e escreveu sobre a história do corpo, da sexualidade e até dos cheiros. Além disso, ao contrário de alguns de seus contemporâneos, movia-se com facilidade entre os mundos da "alta" cultura e da cultura "popular".