Dedicado à prática filosófica na escola, aquele que trabalha em ?filosofia com crianças? pode, legitimamente, ser considerado um educador, alguém que ensina, no sentido de oferecer signos. Ele oferece textos e organiza em torno deles uma discussão. Enquanto tarefa pedagógica, a ?filosofia com crianças? é uma intervenção, um modo de influir intencionalmente na experiência das pessoas; porém trata-se de um tipo de intervenção muito especial, e por isso é preciso entender qual a natureza específica desta intervenção. A educação obedece a uma necessidade humana de lutar contra o poder corrosivo do tempo, para evitar o esquecimento e a destruição daquilo que o trabalho e o pensamento têm construído pacientemente através da história. Mas essa cultura que se quer salvar precisa manter-se viva, porque se trata de manter a vida da cultura, e não apenas seu corpo mumificado. No entanto, nada se conserva na vida sem morrer a cada instante: eis aí o paradoxo do vivente. A morte e o nascimento fazem parte do mesmo mistério. O nascimento não é apenas o princípio da vida, e a morte não é apenas seu fim. Morte e nascimento fazem parte do mesmo acontecimento, são os dois nomes do devir. O devir é a máxima contração da vida e da morte.