Muitas têm sido as dificuldades e entraves à implantação do ideal de igualdade e liberdade sob cujos auspícios se construiu a versão moderna de nossa cultura. Embora menos trombeteada na cena pública do que as ameaças recorrentes do autoritarismo político e da exclusão social, dói à consciência moderna, com igual vigor, a consciência da resistência da diferença entre os gêneros. E mais do que a consciência da resistência pública, cidadã - que sempre se pode atribuir a uma complexa causalidade exterior -, dói a consciência da resistência privada, insidiosamente renitente no interior mesmo dos casais, das unidades sociais em que o império do amor e da mútua dedicação poderia fazer levar a uma mais imediata concretização da almejada mutualidade. A percepção comum do desafio não pode conduzir porém, automaticamente, à compreensão de sua lógica. Pode conduzir no máximo - como sempre conduz - à expressão dos bons votos militantes e ao reconhecimento ralo da mídia. A pesquisa [...]