A regressão social e a decadência econômica não são fenômenos inéditos no Brasil. Estudiosos da história econômica, como Celso Furtado, Caio Prado Júnior e Roberto Simonsen descreveram intervalos entre as expansões econômicas passadas de ocupação do território nacional pelas culturas do açúcar, mineração e café demarcados pelo declínio e simultânea ampliação da mera subsistência humana. Sobre isso, aliás, o leitor está convidado a refletir a respeito da atualidade do processo cumulativo de enfraquecimento da sociedade industrial brasileira em curso desde o final do século XX. Nesse mesmo sentido, a interpretação acerca da desistência histórica à qual o país se encontra submetido revela o quanto o realismo periférico contaminou as elites do país. Por isso, estendem-se pelo vasto território nacional, caracterizado pela massificação das vítimas humanas do desemprego, uma decrescente mobilidade social e um cancelamento da perspectiva de futuro.