O autor de Touro, Ivanhoé Marques, parece ter concebido esta reunião de poemas a punhal, em asfalto, barro seco, paredes arruinadas ou onde quer que a poesia resseque e, atemporal, continue incrustada. Desse modo, Touro não é apenas a figuração poética de um animal simbólico que evoca as forças anímicas do homem, o seu "ardor indomável", nas palavras de Hesíodo, em Teogonia, mas uma espécie de comunhão rítmica com o animal, em que som, sentido e fúria criativa se entrelaçam.