A leitura de"O engenhoso fidalgo Dom Quixote da Mancha" não pode ser adiada. Ela representa a diferença entre compreender a necessidade da dúvida e achar que já se sabe tudo, ou seja, entre a sabedoria da tolerância e a arrogância da estupidez. Exagero? Talvez se esteja sendo um pouco quixotesco, mas é deste modo que nos aproximamos da verdade humana: quixotescamente. Como a verdade humana é sempre trágica e ridícula ao mesmo tempo, apenas aquele que consegue enxergar essa combinação paradoxal reconhece o se espelho. Para consegui-lo, a leitura das aventuras daquele personagem magro e envelhecido que é ao mesmo tempo um louco, um filósofo e um santo torna-se imperiosa.