A poesia que observa e que alimenta O sol pelo basculante é a segunda coletânea de poemas do escritor mineiro, de Passos, Alexandre Brandão. A primeira delas, o impressionante Nenhuma poesia: uma antologia, editado pela Editora Patuá, já indicava o surgimento de um grande poeta, com dicção própria e talento inquestionável. Divididos em oito partes, que os reúnem tematicamente, os poemas nos revelam um poeta maduro, senhor de sua arte, sensível às questões do seu tempo, atento à sinuosidade misteriosa da vida e às suas armadilhas e miragens. Alexandre Brandão constrói, com domínio absoluto de sua arte, um verdadeiro painel do ser e estar no mundo, indo do melancólico memorialismo lírico, como em A gambiarra da garotada: A escuridão se perdeu pela noite e eu, menino de mim, me olhei no espelho e gostei do que vi. à crítica social mais ácida, como em Morada do medo: Somos medricas morrediços somos merdinhas movediças somos mórbidos movidos a morfina (...)