Não parece nada provável que um leitor juvenil, em formação, se aventure na literatura pela ´prateleira de cima´, onde se alinham os grandes clássicos, de Homero a Guimarães Rosa. Normalmente, o acesso ao livro por parte de um ávido leitor de quadrinhos se dá via literatura de entretenimento, universo onde pululam, hoje, os Harry Potters, ao lado de Conans, magos, vampiros, alienígenas, viajantes do tempo e outros avantesmas. Ou seja, a leitura é uma aventura continuada. Não nos esqueçamos de que A Ilha do Tesouro, de Stevenson, hoje uma jóia da literatura universal, era ´entretenimento´ no século 19. Este circunlóquio serve para abordar a aventura empreendida por Luiz Roberto Guedes em Meu Mestre de História Sobrenatural destinado ao público juvenil, mas não somente. Qualquer um que tenha sido encantado pelos seriados Além da Imaginação.Com esse novo vôo de imaginação, Guedes parece alinhar-se, sem preconceitos, com o poeta e tradutor José Paulo Paes, que em seu ensaio ´Por uma literatura de entretenimento´, deu um piparote nos pruridos hierarquizantes de ficcionistas nativos que querem ser James Joyce, mas jamais Agatha Christie. Para o poeta Rodrigo Petronio, que assina a apresentação do livro, a matéria-prima de Meu Mestre , é a própria literatura, com seu poder de encantamento, pois cada história leva o leitor a experimentar o pleno prazer da narrativa.