João Goulart é um protagonista da história brasileira cuja imagem cresce com o tempo. Quando vivo e ativo, além do medo e do ódio que despertava nas elites dirigentes, era visto com desdém até por setores da intelectualidade, que o viam como um reles demagogo, sem estofo para Presidente da República. Depois do golpe militar de 64, essa visão apequenada de Jango que a mídia submetida aos militares martelava diariamente, é claro, se espalhou inclusive em setores da esquerda. É certo que muitas vozes se ergueram para proclamar, seguindo Darcy Ribeiro, que Jango caiu pelas suas virtudes, não pelos seus defeitos. Mas a imagem do demagogo, despreparado, vacilante, envolvendo João Goulart, para deleite da aliança reacionária que o depôs, era dominante. Este livro é uma contribuição de grande valor para recuperar a verdade histórica. Com fartura de documentação, mostra que aquele foi talvez o período mais fértil e criativo da história política do país, quando o Brasil chegou mais perto de um projeto de reconstrução nacional voltado para o desenvolvimento com soberania e justiça social, tanto no plano econômico quanto no político. Sobre a edição - Já em 1978, ao lançar a primeira edição de seu livro, Moniz Bandeira conseguiu mostrar um perfil verdadeiro dos acontecimentos que precederam o golpe de Estado de 64. Mas ele aproveitou os 23 anos decorridos desde então para analisar milhares de documentos que foram liberados, principalmente nos Estados Unidos, assim como dezenas de livros e centenas de matérias em jornais e revistas publicados sobre o assunto. Ouviu novamente personagens que já havia entrevistado e entrevistou outros participantes dos acontecimentos. Dessa pesquisa incansável e de sua reflexão de historiador experiente e renomado, ele extraiu os elementos para que esta sétima e ampliada edição de seu livro se constituísse na verdade num livro novo, onde o leitor encontra um relato muito mais rico e mais completo daqueles acontecimentos fundamentais na história brasileira. Além disso, sua última edição tendo sido há 18 anos, ele se torna um livro praticamente inédito