Nos últimos vinte anos, a comunidade psicanalítica vem reconhecendo a importância da linguagem como aspecto essencial do processo psicanalítico. O impacto exercido pelo desafio de Lacan à psicanálise clássica foi determinante para chamar a atenção dos psicanalistas da Europa continental para esta questão. Sob a influência da psicologia do ego, a literatura psicanalítica de língua inglesa passou a focalizar-se nos aspectos lingüísticos da comunicação do paciente, como expressão de sua estrutura caracterológica defensiva. Derivam-se, deste novo foco na psicanálise, problemas teóricos estimulantes e descobertas clínicas significativas, como a relação entre linguagem e função simbólica em geral; a natureza e relevância clínica da experiência pré-verbal, entre outros. Todos esses são desafios atuais para o desenvolvimento da teoria psicanalíticas. 'A Babel do Inconsciente' utiliza uma nova metodologia para explorar todos os fenômenos mencionados anteriormente. Recolhendo todos os dados derivados da experiência clínica de psicanalistas polilíngües que trabalharam com pacientes polilíngües, Amati-Mehler, Argentieri e Canestri oferecem uma perspectiva nova e estimulante sobre o processo associativo, sobre a relação entre memória, recordação e consciência, sobre a relação entre a estrutura lingüística e a consolidação do inconsciente dinâmico e sobre as implicações transferenciais e contratransferenciais das distorções lingüísticas na comunicação entre paciente e analista.