A formação das sociedades socialistas faz parte de um arco de história que começa nas revoluções burguesas inglesa e francesa dos séculos XVII (a revolução inglesa de 1640) e XVIII (a revolução francesa de 1789) e cujo desemboque são as revoluções socialistas do século XX (russa de 1917, chinesa de 1949 e cubana de 1959) – a revolução russa é a grande herdeira da revolução francesa –, de que a Comuna de Paris de 1871 é a ponte de passagem. Em todas essas revoluções um núcleo de sujeitos e de ideias está sempre presente, projetando-se de coadjuvantes das revoluções burguesas em protagonistas das revoluções socialistas, para onde trazem suas ideias de sociedade pouco clarificadas ainda nas primeiras para o projeto de realização nas segundas. São os levellers da Londres de 1640 e os sans-culottes da Paris de 1789, transformados nos comunardos da Paris de 1871 e nos operários e soldados da Comuna de Petrogrado de 1917. Os proletários urbano-industriais que junto aos camponeses e intelectuais urbanos vindos da pequena burguesia formam o trio de base da experiência de transição socialista da União Soviética, da China e de Cuba que domina a realidade e o imaginário do século XX, projetados sobre o nebuloso quadro de indagações do terceiro milênio.