O Espírito Santo é o protagonista da criação. A partir deste dado da Sagrada Escritura se pode delinear o papel do Espírito na formação do Povo de Israel. Ele não exerce um papel passivo, mas ativamente age e guia o Povo em sua caminhada de libertação. Maria, sendo filha de Israel, ou seja, da linhagem de Davi, foi escolhida para ser a Mãe do Salvador. Por meio de seu fiat, Maria se torna o local da plenitude da ação do Espírito. Nela o Espírito Santo encontra terra fértil, lugar para sarar a ferida aberta pelo pecado. Por isso, podemos dizer que em Maria o Espírito Santo recria, ou reorganiza a criação na humanidade do Verbo Encarnado. Ela não é o Espírito Santo, nem ocupa o seu lugar, mas torna-se ícone da salvação realizada por Cristo. Ela, por primeiro, experimenta a força da nova vida, dada a nós por Jesus Cristo. Sendo Maria o lugar da ação do Espírito Santo, nela se cumpre a plenitude dos tempos. Ela ensina assim o caminho para a vida no Espírito, pois esteve presente nos eventos da História da Salvação e no início da Igreja. A plenitude dos tempos indica o momento em que o Espírito Santo plasma no seio de Maria a natureza humana de Cristo. Esta plenitude dos tempos indica ainda que Maria é aquele lugar da presença misteriosa de Deus entre os homens, antes da encarnação do Verbo. Os Evangelhos dão testemunho desta inauguração dos tempos em Maria. Neles, ela é apresentada como modelo para o discipulado, para a vida no Espírito, pois, aparece como mãe obediente, serva e discípula de Jesus. Nela já se realizara aquilo que estava por acontecer com eles. Ela já estava plena do Espírito, por isso podia rezar, em unânime oração, pedindo o dom de Pentecostes sobre a Igreja, no início de sua caminhada. É por isso que a Igreja, ao rezar ao Espírito Santo, olha sempre para Maria. Ela é o modelo de uma Igreja pneumática. Ela é ícone, ou seja, imagem daquilo que a Igreja deseja ser: dócil, disponível e aberta ao Espírito Santo.