No final do século XX, diante da queda do bloco soviético e da ofensiva neoliberal, a esquerda internacional encontrou-se diante de uma crise teórica, pelo abandono do materialismo-dialético como referencial de análise da realidade; uma crise programática, decorrente da primeira, que a deixou incapaz de compreender as transformações nos mundos do Trabalho e do Capital para superá-las; e uma crise organizativa, diante da incapacidade de seus instrumentos de responderem aos desafios dos novos tempos. Autora desta reflexão, a cientista política e militante Marta Harnecker não depôs as armas, nem se rendeu à pós-modernidade, ao contrário, se manteve firme recorrendo sempre à análise rigorosa e à pesquisa profunda, que marcam sua trajetória por quatro décadas, a partir dos aprendizados e das contradições dos movimentos políticos latino-americanos. Em Ideias para a luta, ela nos oferece um guia dos desafios a serem enfrentados para a construção das lutas sociais neste século. Neste trabalho, destaca-se o papel do instrumento político, a ferramenta portadora de um projeto para a sociedade, não apenas de uma categoria ou setor social. Porém, de maneira alguma, um instrumento engessado por modelos e fórmulas importadas ou pré-concebidas. Ao contrário, uma organização produzida e alimentada pelas lutas sociais que não se limita pela luta institucional, e que não vê os movimentos populares como correia de transmissão de um centro iluminado e vanguardista. Desde o método de direção ao papel da militância e da democracia interna, alcançando os programas e pautas de mobilizações, Ideias para a luta oferece uma teoria resultante da prática, ao mesmo tempo em que se coloca à disposição para construir novas práticas. Trata-se de uma obra imprescindível para pensar e reconstruir a esquerda e a luta do socialismo no século XXI.