Cacy Cordovil ficou meio século em silêncio. Depois de lançar a primeira edição desse Ronda de Fogo, no início dos anos 40, passou a se dedicar à Família, aos filhos e deixeu seu amor à literatura adormecido. Agora, ela retorna o fio silenciado, mas jamais perdido, e decide relançar seu livro mais importante. (...)Ronda de Fogo teve sua primeira edição em 1941, com o selo prestigioso da José Olympio. Depois dele, Cacy ainda escreveu poemas, mas logo passou a concentrar sua vida no papel da mãe. O amor pela literatura, porém, persistiu. Agora, 57 anos depois, ela decide se reencontrar ela decide se reencontrar com seus leitores. É um reencontro emocionante. São contos sobre tropeiros em paisagens cheias de claro e escuro, personagens - mas de cheios de força interior, meninos assustados que se iniciam na luta contra a natureza feroz, amores sertanejos, rendeiras, ferradores, terras distantes e perdidas, homens tristes e bons - um mundo, enfim, que hoje parece impossível. Mas ele se preserva aí, cru e contundente, nos relatos de Cacy Cordovil. São narrativas com parágrafos curtos, duros, quase masculinos. Seus diálogos não perdem tempo com floreios, nem ornamentações. Suas são contadas com a tepidez, mas também a crueza de um relato sertanejo ao pé do fogo. Um mundo antigo e delicado se recria na escrita de Cacy. Histórias realistas, sem pretensões rebuscadas ainda que escritas na onda do modernismo, que guardam um fascínio pela intimidade do homem comum. Cacy Cordovil maneja as palavras com o lirismo seco, mas belo, de um sertanejo. O derramado Vinicius, que por aqueles tempos ainda se entregava a versos tormentosos e contorções do espírito, se a leu certamente levou um grande e delicioso susto