[...] O Pasto dos Brutos avança na compreensão do renascimento português e do papel nela desempenhado pela incrível aventura portuguesa. Indica o que teve de particular e ambíguo mas também o quanto deveu ao movimento geral da cultura europeia da época. Equipara João de Barros, uma das expressões máximas da cultura portuguesa quinhentista, a outros expoentes coevos, mostrando que foi um típico homem de letras, sua trajetória tornando-se possível pelo apadrinhamento monárquico que, em troca, ele celebrou em escritos variados, inclusive num Panegírico do rei Dom João III de 1533. Ao longo desse percurso, Rubens Panegassi enfrenta, renovando-as, questões recorrentes da historiografia portuguesa. Esclarece, por fim, aspectos importantes do papel desempenhado pelo Brasil no imaginário da expansão lusitana: importante alimento da reflexão e, ao mesmo tempo, pasto de brutos. Mais uma ambiguidade a enfrentar.