A história da educação é rica em discursos (tratados pedagógicos, projetos políticos, controvérsias públicas, programas de ensino etc.). Mas, como os grandes princípios se encarnam na realidade? Diana Vidal pertence à escola histórica que privilegia as práticas, sem negligenciar jamais os contextos institucionais e sociais nos quais se assentam. Perseguindo aqui a investigação sobre as práticas de leitura e escrita, constituintes da cultura escolar, ela interroga-se sobre essa expressão recentemente surgida sob a pena dos historiadores. Procura a gênese do seu uso, legitimando sua pertinência conceitual, para escapar às antigas divisões que separavam teoria e prática, saberes e valores, fins e meios. Colocando sua teoria à prova, Diana propõe dois estudos de caso situados no século XIX: um sobre a leitura (a recepção no Brasil de um livro francês de poesia infantil) e outro sobre a escrita (a invenção de uma estenografia escolar), que mostram como uma proposição totalmente válida em princípio se torna aceitável ou fracassa ao se fazer introduzir na realidade.