Lica Cecato é dessas artistas raras, daquelas únicas, que surgem a cada geração. Quando a conheci, em Tóquio, nos idos dos anos 2004, impressionou-me seu domínio da cultura e da língua japonesas. Pensei no quadro da Madame Monet em quimono. Mas uma Madame Monet que sabia o que estava vestindo, entendia por que se usava o quimono, como se usava, desde quando se usava, que se expressava fluentemente em japonês, que amava e era amada pelos japoneses. Mas que falava igualmente italiano, francês, alemão, inglês, dialeto vêneto Artista multifacetada, Lica canta divinamente, interpreta sensivelmente, se acompanha ao violão perfeitamente. Compõe, escreve poemas, os lê, pinta, desenha, cria, cultiva, compara, conquista. Enfim, irradia beleza, arte e cultura. Quando Eisenstein viu uma trupe de atores de kabuki em Moscou, em sua perspicácia, disse: no kabuki, você vê os sons e escuta as imagens. Assim também é Lica: completa, complexa, sinestésica, polímata e poliglota. Imaginem o prazer que é ver Lica Cecato no palco ou caminhar com ela pelas ruas de Veneza!